Encontro que
será realizado na UFF, em 19 e 20 de maio, traz nomes do jornalismo, da
história, do direito e do futebol para para pensar o papel da imprensa durante
os anos de chumbo.
Por
Thaís Cerqueira e Gustavo Cunha:
A oitava
edição do Controversas tem como tema os “50 anos do golpe: o jornalismo durante
a ditadura e a Copa das manifestações”. Em 19 e 20 de maio (veja
programação completa aqui), no auditório InterArtes do IACS, na UFF, nomes das
áreas de jornalismo, história, direito e do futebol se reunirão para pensar o
papel desempenhado pela imprensa durante os anos de chumbo. E como sempre há
resquícios do passado no presente, também serão postos em debate questões
relativas ao atual – e (in)tenso – contexto político no Brasil, que servirá de
palco para o mesmo espetáculo futebolístico visto, aqui, em 1970. Apesar de não
vivermos numa ditadura, sabemos que práticas violentas e de tortura (ainda)
persistem por todo o território entre o Oiapoque e o Chuí – não apenas pelos
rincões do país, mas entre os becos de favelas e comunidades periféricas das
grandes capitais, sedes da tão orgulhosa Copa do Mundo.
Em entrevista
recente, Wadih Damous, que estará no Controversas, frisou a importância de se
lembrar, a todo o momento, as décadas de dor e sombra. "A juventude que
não viveu a ditadura precisa conhecer bem o que aconteceu naquela época para
que isso nunca mais se repita", disse. Presidente da Comissão Nacional da
Verdade no Rio, o advogado vê com otimismo o avanço das pesquisas e trabalhos
da organização: "Hoje, 47% da população brasileira exige punição aos
torturadores e a revisão da Lei de Anistia. No início, esse número representava
exatamente os que não apoiavam a punição. Existe uma conscientização forte das
pessoas. Vejo o momento como promissor. O que se espera é justiça, pois o que
aconteceu no passado continua a acontecer".
Professora da
UFF e organizadora do Controversas, Larissa Morais complementa a fala de
Damous, reiterando a necessidade de lançar nova luz ao passado.
"Resolvemos aproveitar as ‘descomemorações’ dos 50 anos do golpe de 1964
para oferecer aos nossos alunos mais elementos de aprendizado sobre esse
evento, o período da ditadura e a ação da imprensa nessa fase nefasta da
história do Brasil”, justificou. Sobre os convidados para compor as mesas de
debate, Larissa lembrou: “Quisemos chamar pessoas com experiências diferentes
sobre esse período. Temos estudiosos do tema, jornalistas e também pessoas que
vivenciaram a repressão, então achamos que ofereceremos aos alunos um conjunto
rico de memória sobre o período da ditadura.”
Saiba como
participar: veja detalhes das mesas
O evento é
gratuito e aberto aos alunos, professores e visitantes. Todos que comparecerem
terão espaço para perguntas e comentários ao final de cada mesa. A intenção é
incentivar o debate entre profissionais da área e estudantes. Para participar,
é importante se inscrever antecipadamente pelo facebook ou através desse link. Também faremos
inscrições presenciais no dia do evento. Enviaremos certificados de participação.
O primeiro dia
do Controversas vai contar com três mesas de debates. No dia 19 de maio, de
16h30 às 18h, a primeira mesa, intitulada “Passado revisitado”, contará com a
presença de Cid Benjamim, jornalista e
ex-militante da luta armada; Ivo Herzog, presidente do Instituto Vladimir Herzog; do historiador Hugo Bellucco;
e de Wadih Damous, da Comissão da Verdade. A mediação será de João Baptista de
Abreu, professor associado do Departamento de
Comunicação Social da UFF.
“A resistência
da imprensa alternativa” será a segunda mesa desse mesmo dia, de 18h às 19h30. Contará
com Argemiro Ferreira, jornalista e
ex-integrante do jornal Opinião, Claudius, cartunista e ex-integrante de O Pasquim, e Milton Coelho da Graça, jornalista e ex-integrante do Clandestino. A mediação ficará com Márcio Castilho, professor da
Comunicação Social da UFF.
Após o
intervalo para o coffee break, teremos a terceira e última mesa do dia,
de 20h às 21h30. “O jornalismo
brasileiro durante a ditadura” será debatido pelo fotógrafo Evandro
Teixeira, Ildo Nascimento, professor do
Departamento de Comunicação Social da UFF, e João
Baptista Abreu. A mesa será mediada por Dante
Gastaldoni, também professor da UFF.
No dia 20 de
maio, o evento começará com a mesa “Reportagens que abalaram a ditadura”,
de 16h30 às 18h30, com Antero Luiz
Martins Cunha, ex-repórter de O Estado
de S. Paulo, Chico Otávio, repórter especial de O Globo, e a repórter de O
Dia , Juliana Dal Piva. A mediação será feita pela professora
do Departamento de Comunicação da UFF, Ana
Baumworcel.
O último
debate, de 19h às 21h, será sobre “Política e Copa do Mundo: Da conquista do
Tri às manifestações de hoje”, com Lúcio de
Castro, historiador e jornalista, Teixeira Heizer, jornalista que cobriu a
conquista do tricampeonato, e Afonsinho, ex-jogador e colunista
da Carta Capital, com mediação de Sylvia Moretzsohn,
professora de Comunicação da UFF.
Controversas
também contará com exposição
A
exposição “Diários do Golpe: a Ditadura na primeira página”, que
terá início em 28 de abril, será levada da Biblioteca Central do
Gragoatá para o Controversas, no IACS. A mostra revê o período histórico
através de 22 páginas de jornais publicados à época. Foram selecionadas 22
capas entre as cerca de 800 edições pesquisadas nas coleções de O Globo, Jornal
do Brasil e Última Hora. Criado por Ildo
Nascimento, Diários do Golpe tem roteiro assinado por
Vinícius Damazio, aluno de Jornalismo da UFF. Muito envolvido com o tema, ele
não deixa de opinar: “A mostra não visa dar um ponto final para a história
daquele período. Isso é para os livros, que estão no segundo andar da
biblioteca e que também indicamos nos painéis. O objetivo da exposição é abrir
portas para outros caminhos". Ildo complementa: “Queremos oferecer aos
jovens uma visão ampla do que foram os anos de chumbo, mas também proporcionar
às gerações que viveram a ditadura a possibilidade de recordar os fatos daquele
período”.
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