Na segunda mesa de debates do Controversas, o cartunista Claudius Ceccon e os jornalistas Argemiro Ferreira e Milton Coelho da Graça recordaram os tempos de imprensa alternativa na ditadura
Por Gustavo Cunha
Episódios de um passado não muito distante se descortinaram no debate sobre o papel da imprensa alternativa na ditadura, que contou com a participação dos jornalistas Claudius Ceccon, Argemiro Ferreira e Milton Coelho da Graça. A segunda mesa do Controversas, no dia 19 de maio, trouxe depoimentos importantes de veteranos da profissão que enfrentaram a censura e a violência dos anos de chumbo. A mediação ficou por conta de Márcio Castilho, professor do Departamento de Comunicação da UFF.
O cartunista Claudius Ceccon relembrou histórias do jornal O Pasquim | Foto: Bernardo Oliveira |
“As publicações alternativas foram fruto de contextos muito particulares. Imagine só: em plena sanção do AI-5, um grupo de malucos criou um jornal para satirizar os militares. É incrível que tenha durado tanto tempo”, recordou Claudius, frisando que a publicação alcançou a tiragem de surpreendentes 250 mil exemplares poucos meses após o lançamento.
Acima, Claudius Cecco dá depoimento ao lado do mediador Márcio Castilho. Abaixo, Argemiro Ferreira (à esquerda) e Milton Coelho da Graça Foto: Bernardo Oliveira |
Entre os pesares da época, os jornalistas não perdiam o estímulo em continuar com as atividades nas publicações contra-hegemônicas. Ex-repórter das revistas Realidade e IstoÉ, Milton Coelho da Graça afrontou generais e delegados com os jornais clandestinos A Resistência e Notícias Censuradas. Chegou a ser preso no Doi Codi, na Tijuca, por 20 dias, mas afirmou que repetiria tudo com o mesmo afinco.
“Se houver outra ditadura no Brasil, o que não é algo tão difícil, lembrem: fazer jornal clandestino é muito mais saboroso do que fazer jornal alternativo”, declarou Milton. Sobre a atual instabilidade política no país, Claudius arriscou: “Há uma espaço e uma oportunidade incrível para se fazer uma nova experiência jornalística que responda ao que as ruas estão pedindo. Mas não será o ressuscitamento do Pasquim, até porque o contexto é outro”.
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